Você pode se envolver
diversas vezes, com 5, 6, 7, 8 sejam lá quantos garotos, e em todas essas 5, 6,
7, 8 vezes que se envolver, pronunciar três palavrinhas Eu Te Amo, e em todas
essas vezes acreditar que realmente é amor. Ou pelo menos se fazer acreditar
que é. Iludir a si própria, e de certa forma até ser iludida.
É mais ou menos isso que
acontece com Ana, ela é nova, uma menina ainda, sabe o tipo de garota que está
começando a conhecer a vida. A vida e seus amores. Tantos amores. Já namorou
alguns garotos, já foi traída, e já teve a oportunidade de trair, e não traiu.
Já foi enganada, e iludida. Já enganou e iludiu. Conheceu os dois lados da
moeda.
O problema é que ela não
percebe quando engana a si mesma.
Ana terminou faz pouco
tempo um relacionamento de um ano. Com um garoto do qual ela dizia amar. Dizia
ser o grande amor da vida dela. E vivia com ele, e “amava” ele, e chorava, e
sofria, e brigava, e surtava. Ela não era feliz. Mas pra ela, era amor, e uma
briga ou qualquer desentendimento poderia ser resolvido com a troca de umas
três ou quatro palavras e um pedido de desculpas. E alguma troca de carinho. Por
diversas vezes ela falou que iria terminar. Que aquela briga seria a gota d’água.
E um dia depois você se deparar com ela e ele aos amores e amassos.
Ela não era feliz. Mas não
via.
Eles não se amavam, mas
ela não via.
Ela só queria se sentir
amada e desejada.
Ela só queria não se
sentir sozinha.
Ana foi alertada uma
porção de vezes, mas não via. Ou melhor... não queria ver.
O fato é que ele havia
sido um dos primeiros. Um dos primeiros a chegar pra ela e dizer Eu Te Amo. Ana
não sabia o que era ser amada por um garoto. E a forma intensa que ele
demonstrava a fez acreditar.
Mas as três palavras
frequentemente ditas não serviram para manter um amor que não existia. Só havia
paixão. Só o fogo de uma paixão.
E as três palavras eram
ditas ao vento. Eram ditas em vão. Talvez só por uma forma de educação. Como se
deseja um Bom Dia ou uma Boa Tarde.
Depois desse, depois de outros
que haviam vindo antes e quebrado o coração de Ana, ela disse ter se recuperado
bem. Juntou todos os pedaços, e guardou o coração, protegido a sete chaves.
Mas isso não durou muito
tempo. Ou melhor, nem dias.
Apareceu um moço de
sorriso fácil, fala mansa, e palavras bem elaboradas, e um Eu Te Amo na ponta
da língua. E uma promessa de fazer seu coração amar de novo.
E só a freqüência de suas
palavras foram o suficiente para Ana destrancar a proteção.
Se fosse só um moço. Se
esse moço fosse o único.
Mas além dele surgem
outros.
E cada um vem com um Eu Te
Amo na ponta da língua para conquistá-la. Para competir qual deles leva o
coração de Ana. Como se ele fosse um objeto. Ou talvez o interesse nem seja
exatamente o coração...
Mais uma vez, ela só quer ser
amada e desejada.
Ela só não quer se sentir
sozinha.
Mal sabe ela que cada um
tem levado um pedaço do seu coração. Ela sabe que não deveria se entregar tanto
assim. Mas se ao menos ela ouvisse. Escutasse o que o seu coração realmente
diz. Ele está aflito. Vendo seus pedaços serem levados por qualquer um, de
qualquer jeito.
Se ela escutasse quem
realmente a ama.
Mas não.
E os dias vão passando, e
ela se ilude, acreditando em cada Eu Te Amo que lhe é dito. E acha que sente. E
faz a si mesma acreditar que ama. E diz sucessivas vezes, a sucessivos garotos.
Eu Te Amo.
Será que um simples Bom
Dia para cada um deles não seria suficiente?!
Renata Rodrigues
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